segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Friamente cortante

Não gosto de ficar sereno. Porque no sereno eu bato de frente comigo mesmo e estar sereno não é meu natural. Meu natural é estar louco, porque louco eu tenho todos os meios da minha subsistência, todos os meios pra conviver com os demônios que estão na minha volta, todos os meios pra aguentar o calor que faz num trem pra central do Brasil, todo o frio que me atinge na solidão desse quarto sujo e desse banheiro cheio de infiltrações no teto. Parece que o cano está ruim, não sei... Então eu fico só, me sinto perdido e fumo. E o cigarro me acalma e com a calma eu me deparo com o veneno que eu mesmo me apliquei: a verdade nua e crua e as vezes atenuada, à verdadeira loucura a qual a sanidade nos emprega - ser menos ainda do que já somos. Volto pra casa infeliz, mas logo o efeito passa. Acho que no fim não é o cigarro, mas sim meu lado mal que se apossa pelo descuido da loucura e corrói que nem soda cáustica que tira as manchas do chão. Eu consigo conviver com minhas manchas, eu não preciso dessa sobriedade que parece vir de fora, ou de um lado meu negro, o meu lado auto destrutivo que se não aprimora, devora. Minha loucura passa e agora eu tento conciliar os dois lados. Talvez um dia eu consiga, mas só quando eu ficar mais velho. Sou criança, pelo menos pra mim eu sou. Vocês reclamam do meu desenvolvimento. Acontece que eu tenho muito o que desenvolver, por isso tudo é lento. Vocês desenvolvam rápido a miséria que lhes foi empregada pelo destino e não critiquem meu jeito de ser. Eu não sei de tudo o que vai acontecer... mas acho que vai ficar tudo pior e recomeçar. É assim que são as coisas: destruir para reconstruir. Muita coisa já melhorou... o resto eu aceito do modo que tá, um dia muda...


Eu só quero um disco de rock, um protesto, uma bandeira, uma foda, a liberdade e um beijo sincero pra fechar o dia...

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