segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Human Corp.
E então você acorda. Sente um cheiro podre, olha para os cantos, procura algum animal morto, comida estraga, mas não enxerga um palmo à sua frente. Tenta se tocar, está acorrentado, parece que faz tempo. Percebe que tem feridas extremamente doloridas, e sente vermes andando por sua carne. Bom, pelo menos já sabe de onde vem o cheiro. Não se lembra muito bem de como, ou por qual motivo foi parar ali. Se sente inocente, e em instantes fica revoltado e se sacode, bate os grilhões na parede... em vão. Ninguém mais pode te ouvir, ou melhor, ninguém mais quer te ouvir. Você se sente tão fraco agora, nem parece mais o jovem influente e poderoso que foi um dia. Tudo em você está podre, desde seus ossos até a suas ideias. Sente fome e sede, mas nada mais vem a você. Tudo está esgotado, e estás sozinho e sem nada pelo resto da eternidade. Não há amigos, parentes, mulheres. Não existem mais chaminés, contratos, dinheiro, prostitutas, carros de luxo, nada. Então lê em seu braço um nome, deve ser o seu, talvez. Diz, Irracional. Talvez um belo nome para um corporativista, que enfim, tem seu fim como merece. Quem sabe, um dia.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Morte
domingo, 2 de janeiro de 2011
'Meu sonho é seu desejo realizado nos meus dedos..''

Quando você dormir essa noite, mais a vontade possível, ou de calcinha e sutiã ou de camisola, eu estarei mentalmente aí e sei que você vai me sentir perto de você. Quando você suar de madrugada serei eu que estarei aí. Quando você se debater na cama - serei eu que estarei aí Quando você sonhar as coisas mais sujas e proibidas que você não contaria pra ninguém, nem mesmo pra sua melhor amiga, fique sabendo que sou eu quem faz você se sentir assim - é a minha presença que vai estar aí, te entupindo desse desejo que queima sua pele, que te faz arder, mas do qual você não consegue se libertar. Num estalar de dedos a sua camisola, branca, de seda, vai se rasgar de cima a baixo te deixando nua e totalmente indefesa perante o frio da noite, mas você vai estar presa e não vai falar nada - porque essa invasão, sim, essa invasão te domina, te domina de um jeito que você, mesmo podendo, não quer se libertar. E quando você pensar que eu vou te fazer chegar ao ápice desse teu louco desejo que te faz perder a noção do que é certo e errado e se entregar a todos os mitos e todos os fatos controversos que chamam de céu e inferno, quando todas as equações fizerem algum sentido e toda a natureza parecer se simplificar pra você, num estalo você irá acordar e perceber que eu fugi pela janela, como um vulto preto que se esvai em meio à fumaça, ou um vampiro que se esconde ao badalar das cinco - 'foi tudo sonho?'. Você nunca terá certeza. O certo é que o desejo continua lá e junto com ele a certeza de que não há cura tradicional pra ele - todos são imperfeitos e somente eu - um mito ou um medo? - poderei um dia, numa noite fria de maio arrombar sua janela de madeira e finalmente - poder te dar esse remédio que quebra as algemas que te prendem os pés.
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